segunda-feira, 21 de setembro de 2009

EDUCAÇÃO, IDENTIDADE E PROFISSÃO DOCENTE

Por : Ilda souza neto

O texto de Moran inicia com uma observação importante, cita que a educação é unanimidade na sociedade. Realmente é complicado pensar em um mundo sem educação. Porque ela influencia em nossas vidas o tempo todo.
Muitas vezes os pais pensam na "educação" como garantia de sucesso profissional; os filhos necessitam estudar para poder inserir no mercado de trabalho e crescer profissionalmente. Com isso a educação está se tornando um bem de consumo; meio de sobrevivência para conseguir um emprego.
A educação tem de ser pensada de maneira ampla e complexa, porque sem ela não teremos um mundo mais justo; humano. O ser humano precisa estudar para se colocar no mercado de trabalho; mas não pode se restringir apenas a isso. A educação modifica a pessoa em todos os aspectos. Seja no aspecto social, cultural, no ambiente familiar. Então ela não pode ser pensada como meio de sobrevivência.
Quando a autora cita " para o desenvolvimento econômico; científico, humano, cultural, político e tecnológico, ela quer mostrar que o mundo sem educação seria oco, vazio. Seria uma sociedade sem transformação.
A educação também aproxima as pessoas de várias culturas; raças; etnias; crenças, troca de saberes.
Em relação à profissão docente; é preciso pensar que educação hoje não é apenas ensinar os conteúdos da sua disciplina, mas também, educar para o mundo, fazer com que a educação faça sentido na vida do ser humano. Fazer da pessoa, sujeito crítico, reflexivo e democrático.

1- Da educação e seus desafios
A educação é um processo de ' humanização" . Quando a autora escreve isso, ela mostra que a educação nos torna seres mais sensíveis, mais perceptíveis com que está acontecendo a nossa volta. Temos uma visão mais ampla das coisas.
A educação contemporânea não é como antes, hoje as pessoas tem que estar atenta com os acontecimentos do mundo, o professor necessita trabalhar contextos reais, do nosso cotidiano, não assuntos irreal, que não faz o sujeito pensar, refletir e se posicionar diante de tal acontecimento. Acredito que nesse sentido o docente terá muitos desafios na sua profissão. E também o professor não é dono da verdade; tem que haver uma troca entre professor e aluno. Não existe uma verdade absoluta.
Hoje o docente tem grandes desafios: Sociedade da informação, e sociedade do conhecimento, sociedade da esgarçadura das condições humanas e sociedade do não-emprego e das configurações de trabalho.
No que se refere a sociedade da informação; a autora fala de um ponto importante, porque a informação pode chegar rapidamente a qualquer ponto do planeta através da mídia então não seria necessário um professor porque o conhecimento seria adquirido através da internet,; aulas de tele-ensino.
Então o professor não seria professor e sim monitor. Porque estaria tudo pronto para ser executado.
Isso precisa ser pensado, refletido, porque não basta adquirir o conhecimento, é necessário saber articular , trabalhar esse conhecimento, e para isso monitor não caberia no ambiente escolar e sim o professor que estudou, pesquisou sobre sua prática escolar, pedagógica, e consegue criar uma situação e colocar seus alunos para debater sobre determinado assunto, criar uma situação problema para que os envolvidos consiga destrinchar e chegar a um resultado satisfatório, e o papel do professor é indispensável no âmbito escolar, o monitor não daria conta disso.
Esse faz de conta que ensina e o aluno pensa que aprende é muitas vezes o que está acontecendo em nossas escolas, com professor que não teve uma formação adequada e com isso quem sairia prejudicado são os alunos.
E o mercado de trabalho cada vez mais competitivo; exige muito mais dos formandos que por sua vez não podem "dar" o seu melhor porque teve professores mal qualificados.
Como foi explicado no início, o conhecimento é transformar toda informação e não apenas executar tarefas .
Em relação à esgarçadura das condições humanas; as formas de violência; na concentração de renda na mão de minorias e na destruição da vida, mediante as drogas, cabe ao docente, o educador conversar, instruir no sentido de que a vida precisa ser " cuidada " e não destruída, desvalorizada do jeito que está acontecendo hoje. E a falta de educação faz com que as famílias se desagreguem, desfaçam, gerando toda essa violência. A falta da informação, faz com que as pessoas se tornem ignorantes a ponto de se destruir fisicamente.
Precisa se pensar , refletir sobre a educação aliada a informação. juntas elas vão transformar esse mundo.
2- Sociedade da informação e do conhecimento e mediação do professor na universidade.
Qual a possibilidade de a universidade trabalhar o conhecimento?
O conhecimento como diz a autora ,não se reduz apenas a se informar,o conhecimento é complexo. O professor muitas vezes possui um amplo conhecimento mas não sabe transmitir de forma clara e objetiva.
Usa a mídia como instrumento de trabalho mas não sabe articular sua aula com precisão de forma com que os alunos se tornem críticos, reflexivos.
Todo conhecimento adquirido através da informação, pode ser transformado de maneira positiva em sala de aula. Hoje existem muitas maneiras da informação chegar ao alcance das pessoas, porque a mídia está " explodindo " muito rápido; internet, televisão, rádio. Mas precisa ser utilizada, ou seja ,trabalhada, transformando o conhecimento para que ele faça sentido na vida do educando.
Ter a consciência de que o conhecimento é uma troca entre professor e aluno. Não existe uma verdade absoluta. O professor tem que criar, desafiar o seu aluno o tempo todo.
Acreditamos que o docente que sabe utilizar o seu conhecimento, age dessa maneira, fazendo seu aluno crescer como ser humano.
A mídia veio para facilitar o trabalho do professor, mas em contra partida se não for utilizada para o crescimento do aluno, não terá feito nenhum sentido.
3- Da identidade docente no ensino superior
A pessoa que se torna professor, precisa " acolher " com responsabilidade esse caminho. E muitas vezes o docente tem dentro de si essa vocação e não se dirige a ela como profissão. O ato de ensinar ultrapassa esse âmbito de tratar o seu trabalho como profissão.
A autora comenta sobre isso neste trecho. Muitos tem a sabedoria, trazem consigo grandes conhecimentos, mas não são professores, são médicos, dentistas. Possui muito conhecimento, mas para se tornar um professor, precisariam ter vocação, vontade de verdade de ensinar. Não que estes profissionais não o tenha. Mas ensinar é mais que possuir conhecimento científico, é comprometimento com a docência. E algumas vezes engenheiros, advogados se tornam professores, porque estão desempregados, sem perspectivas e então adentram o campo da docência, muitas vezes despreparados, com muito conhecimento, mas sem didática.
4- Identidade profissional e sala de aula
Quando uma pessoa escolhe ser professor, precisa se identificar realmente com a profissão, não só de ser professor mas em todas as profissões, em tudo que fazemos, precisamos acolher com carinho e fazer o melhor.
Não é apenas dentro da universidade que se percebe se a profissão é certa ou não.
No decorrer do exercício da profissão pode aparecer as falhas; as frustrações.
Um profissional de outra área atuar na área da docência, sem preparo de um licenciado, portanto ,no meio do caminho deixará lacunas, e quem sairá prejudicado serão os alunos.
Ser professor é muito mais que passar conteúdos, tarefas, mas desafiar a si mesmo a todo instante, quando um profissional de outra área vai para sala de aula não pensa nisso, age de maneira mecânica, trabalha recebe e pronto.
Outro ponto importante é o fato de o professor ingressar na universidade para atuar como docente; mas no seu mestrado não ter a oportunidade para aprofundar seus conhecimentos mas trabalhar na linha da pesquisa.
A bolsa da “Capes” faz um trabalho consciente, exigindo do aluno a participação em atividades pedagógicas. Com isso o profissional poderá trabalhar melhor, entender o que é ser professor.
Alguns professores tem um vasto conhecimento mas não o sabem transmitir em sala de aula, por isso que muitos profissionais formados, vão para o mercado de trabalho sem preparação. Alguns docentes preferem trabalhar na área da pesquisa do que inserir em uma sala de aula.
O docente como em outra profissão precisa se reciclar; atualizar para não se tornar medíocre no que faz.
4.1 - Profissionalização continuada e construção da identidade profissional.
Constatada e reconhecida a importância do desenvolvimento profissional da profissão docente para os professores que atuam na Universidade,é que a inclusão de uma disciplina,nos cursos de pós-graduação,sobre a metodologia do ensino superior com uma carga horária de 60 horas em média foi desenvolvida .
Para muitos docentes Universitários é a única oportunidade de uma reflexão sistemática sobre a sala de aula ,o papel docente ,o ensinar e o aprender ,o planejamento,a organização dos conteúdos curriculares, a metodologia , as técnicas de ensino,o processo avaliatório,o curso e a realidade social onde atuam.
Em âmbito nacional e internacional,mostram que as ações mais efetivas para a formação docente ocorrem em processos de profissionalização continuada.
No Brasil,também há experiências pontuais de profissionalização continuada para docentes do ensino superior,são experiências diferenciadas ,pois decorrem de compromisso das instituições e do coletivo de seus docentes e se realizam pela identificação, estudo e encaminhamento das necessidades da instituição, estudo e os sujeitos envolvidos,os professores e os alunos.
A docência Universitária é profissão que tem por natureza constituir um processo mediador entre sujeitos essencialmente diferentes ,professores e alunos no confronto e na conquista do conhecimento.
Para desenvolvê-la é fundamental iniciar pelo conhecimento da realidade institucional ,procedendo um diagnóstico dos problemas presentes na realidade em questão.
A realidade institucional ,por sua vez,constitui o ponto de chegada.
Outro aspecto a ser considerado é a abrangência .
Uma proposta coletiva e institucional,assumida pelo coletivo docente,tem maiores possibilidades de produzir mudanças significativas do que ações individuais ou individualizadas,embora acreditemos que em educação como na vida, cada gota conta.
As condições concretas de efetivação das mudanças devem ser buscadas e produzidas ,uma vez que percebidas ,discutidas e processadas as alterações necessárias, os docentes que se dispuserem a assumí-las devem contar com o apoio institucional apropriado.
Uma abrangência coletiva ao trabalho, é preciso destacar que a adesão deve ser voluntária,pois não se faz mudança por decreto.
Os elementos da teoria didática,fundamentais e essenciais a uma construção da relação entre professor ,aluno e conhecimento na educação superior,estará diretamente ligada ao levantamento das necessidades do grupo em questão.
A vivência desses elementos já ocorre nas salas de aula,e a análise dos dados dessa realidade constituirá o confronto da teoria com a prática.
É importante destacar a contribuição dos alunos ao processo de desenvolvimento profissional de seus professores,sistematizando ,nos processos de profissionalização continuada e de construção da identidade do docente do ensino superior,destacam-se aspectos relativos:
Aos sujeitos presentes no universo da docência;
O professor como pessoa e a pessoa do professor como profissional;
O aluno como sujeito do processo cognitivo;
Processos cognitivos compartilhados entre os diferentes sujeitos;
Aos determinantes do processo educativo;
Projeto político-pedagógico institucional e sua inserção no contexto social;
Projeto de curso e aos dados da realidade institucional;
Teoria didática praticada e a desejada na sala de aula e
A responsabilidade com a atuação técnica e social do profissional no mercado de trabalho.
5-Á ação do docente na Universidade:
A construção coletiva interdisciplinar;
A definição de conteúdos e os enfoques metodológicos e
O acompanhamento do processo mediante a avaliação.
Esses aspectos configuram um quadro teórico complexo,considerando a característica essencialmente reflexiva da profissão docente e dos processos de profissionalização continuada.
Para Nóvoa ( 1992 ), na construção da identidade do docente , três processos são essenciais: O desenvolvimento pessoal,o desenvolvimento profissional e o desenvolvimento institucional.
Os processos de profissionalização continuada bem- sucedidos se assentam nesse tríplice investimento.
Pode-se começar pelos professores tomando como referenciamos problemas levantados e considerando que o professor é uma pessoa , e uma parte importante da pessoa do professor pode optar por iniciar o trabalho pela discussão das formas de os professores atuarem em sala de aula , utilizando para isso suas próprias descrições e registros .
Na construção da identidade do docente, busca-se reelaborar os saberes inicialmente tomados como verdades,em confronto com as descrições das práticas cotidianas, que se tornam auxiliares nesse processo e em relação á teoria didática.
Refletir coletivamente sobre o que se faz é pôr-se na roda , é deixar se conhecer,é expôr-se,aliás, é o que fazemos com muita facilidade, uma vez que,como docentes do ensino superior, estamos acostumados a processos de planejamento, execução e avaliação das atividades de forma individual,individualista e solitária.
Superar essa forma de atuação é processual: Na vivência, o grupo vai criando vínculos e se posicionando. Haverá aqueles que prontamente aderem ás atividades e outros que, em seu ritmo,vão se soltando e se expondo , a si mesmo e aos grupos de trabalho.
Esse processo de reconstrução da experiência possibilita várias formas de interação nas quais sujeitos e situação são mutuamente modificados , como participantes do processo de gerar conhecimento. Também possibilita conhecimento mútuo e vinculação entre os pares e coletivo e a instituição,condições essenciais em um processo de construção identitária em profissionalização continuada,que exige intencionalidade,envolvimento,disponibilidade para mudança, espaço, institucional,coragem,flexibilidade mental para enfrentamento de situações de alter\ações previsíveis e imprevisíveis.
Na construção da identidade da profissão docente, é essencial considerar a importância da criatividade na solução de cada nova situação vivenciada.
A profissão docente possui as seguintes características:
A imprevisibilidade;
A singularidade;
A incerteza;
A novidade;
O dilema;
O conflito e
A instabilidade.
É necessário refletir sobre o que deve ser mantido e alterado, sendo portanto,fundamental a clareza dos fins e valores do eu, professor existente em cada um de nós.
Com as narrações , comunicamos as representações mentais das ações realizadas, verbalizando os esquemas da prática, enquanto resumo esquematizado e não como cópia exata da atividade.
O caminho entre a representação ou o esquema e a primeira teorização generalizada está traçado,e, dessa forma,começa a ser nutrido o campo da teoria, subjetivamente assumida.
Na construção do processo identitário do professor,na mescla dinâmica que caracteriza como cada um se vê, se sente e se diz professor, são destacados três elementos:
Adesão;
Ação e
Autoconsciência.
Assim, na construção do identitário,é uma dimensão decisiva da profissão docente, na medida em que a mudança e a inovação pedagógica estão intimamente dependentes deste pensamento reflexivo.
Tanto a adesão, a ação e a autoconsciência são construídas processualmente , por isso os processos de profissionalização são importantes na construção inicial e na construção de uma identidade docente no ensino superior.
Nesse processo, é necessário dar voz ao professor , presenciar a subjetividade e a singularidade como elementos distintos , possibilitar a interação dos diferentes sujeitos no processo ,ouvir as dúvidas, os pares,lidar com confrontos , estabelecer o diálogo de cada um consigo mesmo e entre os sujeitos no processo educativo,analisar o contexto social,compreender determinantes historicidades ,dar espaço para as surpresas, os sustos, as constatações.
O processo de profissionalização assim configurado possibilita a busca de pistas e indícios individuais e coletivos,num posicionamento investigativo, que pode ir envolvendo o coletivo e ir se alastrando nas instituições. Para isso as condições concretas de trabalho são essenciais: Além dos elementos citados anteriormente, o vínculo dos docentes com as instituições , traduzido em emprego remunerado,deve assegurar as condições de trabalho necessárias ao desenvolvimento, ao planejamento, á reflexão e á avaliação do processo.
A profissão docente, segundo o autor, apresenta algumas marcas históricas como:
Desvalorização e proletarização do professor, exercício eminentemente feminino,com caráter sagrado que vem do berço e não pode ser negado a ninguém.
Essa marcas constituem e contribuem para manter a identidade da profissão docente como um que-fazer de baixa aspiração profissional, a ser desenvolvida por pessoas generosas que , portanto,mesmo que reconhecidamente merecedoras , contentam-se com pouco.
A profissão do professor se torna ainda mais complexa frente á falta de um sistema e tradição na forma de professores , ao contingente de professores que atuam sem formação.
A ausência de uma cultura profissional entre o professorado, à distância entre as várias faixas de remuneração , especialmente entre o ensino fundamental e o superior.
Nesse sentido, a profissão de professor está mais próxima de um conceito que aponta para uma atividade humana na necessária, sustentada por bases teóricas e éticas, do que o pleito da constituição de um segmento profissional, nos termos que conhecemos .O que significa que para além da defesa da necessidade de um alineamento diferente para a profissão docente e, portanto, da construção de um processo diferenciado de profissionalização também o reconhecimento da complexidade , dificuldade e a perspectiva de longo prazo desta empreitada.
Contrariando essa perspectiva, é preciso reconhecer na profissão docente sua especificidade epistemológica diferente da de outras profissões : plena de saberes próprios, construídos também em situação, e sua dimensão ética, “que resgata a utopia e a ideologia que se manifestam na intencionalidade” (Cunha, 1999, p.145).
“Nesse sentido (...) a constituição da profissão docente precisa centrar-se no que efetivamente pode constituí-la na sua singularidade e não apenas na comparação com outras profissões” (Guimarães, 2001, p.37)
Como se encontra o estatuto de profissionalização dos docentes no ensino superior ? Comecemos por examinar suas condições de trabalho.
a) Condições de trabalho no ensino superior

Os contextos e as condições de trabalho os professores nas instituições de ensino superior são muito diferentes quanto as formas de ingresso, aos vínculos, à jornada de trabalho e aos compromissos dela derivados. Essas condições interferem na construção da identidade do docente.
No tocante ás condições de trabalho, é certo que são bem diferentes nas diversas instituições. No caso das instituições públicas, verifica-se que o ingresso se dá sempre por concurso, mesmo para a contratação do professor substituto, cujo número tem aumentando em decorrência da contenção de despesas a que vêm sendo submetidas. No concurso para efetivos, o professor passa por um período de “estágio probatório”, ao final do qual sua efetivação será confirmada ou não mediante um processo de avaliação, realizada por seus pares nos departamentos.
Nas instituições particulares, o ingresso se dá por concurso ou por convite e o contrato pauta-se pela função da docência, mesmo que o interesse institucional incida sobre a experiência de pesquisa do candidato. No entanto, uma vez atuante, quais as condições oferecidas para a melhoria de seu desempenho como docente ? Nem sequer existe uma organização institucional ou espaço para elucidar dúvidas ou repensar com alguma supervisão as ações efetivadas em sala de aula. Nesse contexto, ensinar restringe-se ao tempo de sala de aula,e, por sua vez, as responsabilidades institucionais com o docente limitam-se às da contratação trabalhista.
Conforme a legislação em vigor, a carga de trabalho na instituição pode ser de vínculo integral, parcial e horista. Sobre essa questão, observe nos gráficos a seguir os dados fornecidos pelo INEP (1998):
Analisando esses gráficos, percebe-se que, do total geral dos docentes, 44,37%
estão atuando em tempo integral nas instituições de ensino superior (IES), sejam elas universitárias ou não, embora a maior incidência esteja nas universidades públicas (35,14 %) Nas particulares, atuando em tempo integral, estão apenas 5,31% do total nacional dos docentes.
Os professores de tempo integral nas instituições de ensino superior que não se enquadram na categoria de universidade totalizam, respectivamente, 1,92% nas públicas e 2% nas particulares: percentual numérico bastante reduzido em relação ao total geral dos docentes. A exigência da LDB é que representem um terço do total institucional.
O tempo integral normalmente solicita do docente as três funções características da universidade: ensino, pesquisa e extensão. Pode-se facilmente constatar que, nessas condições de trabalho, o tempo integral torna mais viável a efetivação das três funções. Estas devem estar integradas aos fins propostos no projeto político-pedagógico institucional, do qual o ensino é parte fundamental; porém, não há garantia legal de processos de profissionalização continuada do docente.
Conclui-se que uma grande maioria dos professores horistas (que somam 33,68% do total geral) é contratada para executar ações em períodos específicos, ou seja, determinado número de horas/aula, sem tempo remunerado para preparação de aulas, por exemplo.
Ainda ocorre a contratação por blocos de aulas, reunidas em períodos específicos dos cursos, ficando o professor vinculado à instituição apenas por aquele período e não havendo compromisso institucional nem direitos trabalhistas outros senão os contratuais temporários. Há igualmente a ocorrência de cooperativas docentes, vinculando o professor universitário a uma prestação de serviço temporários. Há igualdade a ocorrência de cooperativas docentes , vinculando o professor universitário a uma prestação de serviço temporário. Todos esses elementos refletem uma direção que vem sendo nacionalmente dada à universidade, transformando-a em organização administrativa baseada na racionalidade técnica, contrária à dimensão social característica dessa instituição.
Assim, nessas condições, desvincula-se a docência da necessária articulação a um projeto educacional regido por projeto pedagógico institucional, e a instituição, por sua vez, desobriga-se de processos de profissionalização continuada.

b) Profissão de professor e condições de trabalho

Para compreender as condições de trabalho no ensino superior vamos a uma breve análise sobre as novas configurações de trabalho e da empregabilidade da sociedade da globalização.
Para conseguir sobreviver o trabalhador desempregado busca a requalificação profissional, ai pode compreender a valorização aos programas de formação continua e transformando a educação num mercado. Referindo-se aos professores na década de 80 seus salários que já eram baixos foram sugados por uma inflação monstruosa, levando-os ao abandono de profissão ou trabalhar incansavelmente. Com isso nas séries iniciais teve um aumento de professores: leigos e não diplomados sem muitas condições de ensinar. Os programas econômicos que foram criados para conter a inflação trouxeram problemas sociais produzindo maior pobreza e gerou por parte do Estado a formação continua na educação básica nas redes de ensino estaduais e municipais e o resultado não teve sucesso por se perderem por não terem continuidade e não se configurarem.
No caso dos professores de educação superior com a expansão das instituições particulares em todo o país a oportunidade de trabalho vem aumentando.
Esse aumento de emprego não está associado à profissionalização nem inicial e nem continuada, pois a exigência para docência nesse nível está associada à formação na área específica, muita atividade docente é tida mais uma fonte de renda para e não como profissão, eles próprios não a valorizam.
Há universidades que atribui ao monitor o trabalho do professor, alterando assim a identidade dele em relação a saberes necessários para formação de alunos, à medida que se confere ao monitor o papel de auxiliar técnico.
Na década de 80, saindo de um período longo de ditadura Espanha e Portugal, países que adentraram um processo de democratização social e política, diferentemente do que ocorre no Brasil, identifica-se o reconhecimento das instituições educativas e dos professores que são fundamentais nesse. Este reconhecimento levou esses a alterações significativas no sistema de ensino, ainda em processo, o objetivo é levar a formação.
Dos professores da escola básica para o nível superior, elevando o estatuto de profissionalização dos professores e incluindo a reestruturação do quadro de carreira das condições de salários e trabalho.
A partir dos anos 90 a bibliografia produzida nesses países especialmente com a obra de divulgação António Nóvoa, Os professores e sua formação, 1992, difundiram no Brasil, ele contempla autores de outros países. A centralidade dos professores traduziu-se na valorização do seu sentir, pensar, de suas crenças e valores são aspectos importantes para compreender o seu fazer, não somente em sala de aula, pois vão muito além a executar currículos, pois reinterpreta. Necessidade de pesquisa para compreender os exercícios da docência, a construção da identidade docente, o desenvolvimento da profissionalização.
A democratização social e política dos países como Portugal e Espanha, transformaram não somente as condições de formação dos professores, mas significamente suas condições de exercício profissional com salário e jornada dignos a um exercício reflexivo e crítico e de pesquisa, pena que esta questão ficou esquecidas do governo brasileiro dos anos 90 até os dias atuais.


c) Dos saberes às competências reduzindo a docência a técnicas

Em virtude do desprestigio social de seu trabalho a as demandas apresentadas pela sociedade contemporânea e a eles próprios os professores estão em busca constante por cursos de formação continua à sua custa.
Cada vez mais centrados, refinamento dos mecanismos de controle sobre suas atividades, amplamente preestabelecidas em inúmeras competências e está substituindo saberes por conhecimentos.
Se falarmos em competências no lugar de saberes profissional transfere a identidade do trabalhador para o local onde trabalha, ficando sujeito a avaliação e controle de sua competência neste local. Se a sua competência não se adequar ao esperado ele poderá ser desligado da unidade onde trabalha. Algumas universidades estão preparando professores para executar suas tarefas conforme as suas necessidades, esquecendo-se que professores não se limitam em executar currículos ele3s o elaboram, definem, reinterpretam baseado nos seus conhecimentos, crenças e pesquisas, mas para quê professores com essa competência.
Mas a competência é diferente de ter conhecimento e informação, conhecer implica na visão de totalidade, do que se faz, dos porquês e das finalidades por isso competência significa refinamento do indivíduo que é diferente da valorização dos conhecimentos em situação, mediante o qual o professor constrói conhecimentos. Os saberes é mais simples, permite que se critiquem, avaliem e superem as competências.
É depositada no trabalhador a responsabilidade de adquirir novas competências através de cursos variados, no que se refere à formação inicial a um apressamento na formação de professores reduzindo a carga horária e privilegiando as disciplinas de instrumentação técnicas. Observa-se que nessa direção desqualificam as universidades para realizar formação e até as pesquisas sobre formação de professores que elas têm realizados em escolas públicas que está aliado a falta de incentivos, gera significativo conhecimento sobre as necessidades para as políticas de formação e desenvolvimento dos professores do sistema de ensino.
Nesse contexto o que menos importa é a democratização, o acesso ao conhecimento e apropriação dos instrumentos para o desenvolvimento intelectual e humano de jovens e crianças, expandindo a quantitativa da escolaridade com resultados empobrecidos esquecendo-se das formações qualitativas. Quando há cobranças da sociedade a responsabilidade é sempre dos professores, mas não se lembram que ele também é resultado de uma formação desqualificada historicamente, vindo desde os anos 70 quando surgiram universidades-empresas.

Diante dessa dificuldades,conclui-se que a profissão tem, nesse texto, o sentido de contrapor a atividade docente ao amadorismo , contribuindo para extraí-la do âmbito da atividade provisória, complementar, cujo acesso independe de formação adequada.


BIBLIOGRAFIA

PIMENTA,Selma Garrido; ANASTÁSIO,Léa camargos,das Graças. DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR .I Volume .SP.:Cortez,( 2000..?).

Nenhum comentário:

Postar um comentário